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É Arte

Confirmado: é arte

Paulo Bruscky, "Confirmado: é arte", 1977

Para inaugurar este blog, resolvi escrever sobre um dos assuntos mais discutido em arte: sua própria definição.

“O que é arte?” Muitos já se fizeram essa pergunta e podemos encontrar respostas bem variadas para ela (muitas dessas respostas foram reunidas por Frederico Morais num livro intitulado Arte é o que eu e você chamamos arte: 801 definições sobre arte e o sistema da arte).

Na verdade, a definição de arte foi se modificando com o passar do tempo e a fronteira da arte foi se ampliando cada vez mais.

Consideramos como as primeiras manifestações artísticas as pinturas e esculturas feitas no período pré-histórico. Hoje sabemos que essas obras tinham uma função mágica e eram apenas parte de algum ritual. O mesmo acontece com o que denominamos de arte primitiva, como a indígena e a africana. Seus objetos ritualísticos ou utilitários hoje adquirem status de arte, mas para quem os produziu, este status e o próprio conceito de arte não existiam.

O conceito de arte surgiu na Grécia antiga com a palavra “tekné” (técnica), relacionado ao fazer e às habilidades técnicas. Nesse momento, os instrumentos de encarnação mágica transformaram-se em meros símbolos. A partir de então, a arte foi definida como algo que se desprende, que contrasta com a realidade, diante da qual devemos trocar nossa atitude anestesiada de relação com o mundo por uma atitude de contemplação e interpretação.

Dando um salto cronológico, nos anos 60 e 70 do séc. XX houve uma proposição dos artistas em aproximar mais a arte com a vida, convidando o observador a ter uma atitude não mais de contemplação e sim de participação. Os limites da arte foram tencionados e ela poderia ser encontrada no cotidiano ou ser feita a partir de objetos comuns.

Esse fato gerou um enigma para o filósofo norte-americano Arthur C. Danto. Em seu livro A transfiguração do lugar-comum, ele tentou resolver a questão do que diferencia uma obra de arte de um objeto comum indiscernível visualmente da mesma. Concluiu que uma obra de arte pode ser feita a partir de qualquer objeto, mas deve conter certos atributos indispensáveis como metáfora, expressão e estilo.

Finalizando, cito a definição de arte colocada por Lúcia Santaella num simpósio ocorrido no Paço das Arte em outubro de 2009: “Arte é aquilo produzido pelo desejo (sentido psicanalítico) de alguém. O que move a vida”.

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